quinta-feira, 17 de novembro de 2011

“Empurrem com a barriga!”


“Empurrem com a barriga!” Esta deve ter sido a ordem passada aos vereadores de Curitiba para investigar os atos do presidente da Câmara, João Cláudio Derosso, e, constatadas irregularidades, aplicar-lhe as penas regimentais. Ontem, foi dado mais um “empurrãozinho”, quando o Conselho de Ética chegou à conclusão de que, por falta de consenso entre seus membros, não há como decidir nada agora. Talvez no ano que vem.

Em setembro passado, uma comissão processante formada em sua maioria por vereadores da base de Derosso, reconheceu terem sido cometidas ilegalidades na gestão dos contratos de publidade da Câmara, no valor global de R$ 31 milhões. E que Derosso era o responsável por essa má gestão. Diante disso, o primeiro (dos quatro) relatórios do Conselho recomendou que o vereador fosse afastado da presidência por 90 dias.

Outras três denúncias foram apresentadas posteriormente ao Conselho de Ética – mas era ainda sobre o primeiro relatório que, dois meses depois de apresentado, deveria ser deliberado ontem. Os vereadores Valdemir Soares e Dirceu Moreira, membros do Conselho, disseram não terem tido tempo nem de aprofundar e comprovar as denúncias, nem de chegar a um consenso sobre o tamanho da eventual pena a ser aplicada.

Eles mesmos haviam prometido apresentar seus votos até o dia 16 [ontem], mas agora acreditam que só o farão no próximo ano. Se tivessem cumprido a promessa, o assunto, enfim, chegaria ao plenário, ao qual caberia a decisão final. Tudo indica que não chegará este ano, mas só em 2012, depois do recesso, quando Derosso e seus orientadores imaginam que o caso tenha esfriado ainda mais.

O mesmo passo lento se observa na Comissão Parla­­­mentar de Inquérito (CPI), cuja atuação até agora tem sido a de apenas ouvir os principais envolvidos, mas não a de investigar de fato. Por isso, a CPI continua (e nós também) sem saber como se deu a assombrosa sequência de atos que sacou dos cofres públicos R$ 31,5 milhões, assim como não sabe (e nós também não) em que bolsos e com que proveito para o interesse público eles foram parar.


Fonte: Celso Nascimento