sábado, 16 de julho de 2011

Slut Walk e a luta contra esta sociedade machista

O principal problema que temos enfrentado é a erotização excessiva, este é o primeiro ponto que devemos combater na luta pelo respeito às mulheres e a sua não “coisificação” como simples objeto de desejo.

Nós mulheres precisamos estar conscientes de que para muitos homens uma simples marcha em que dizemos que temos direito de expor nossos corpos da forma como desejamos e sermos apenas desejadas, mas não tocadas não reflete na verdade a ação pela qual realmente deveríamos lutar: o direito a não manipulação (que sofremos mais intensivamente nos últimos anos) midiática de nossa estética e de postura. A partir da adolescência somos lançadas em uma realidade no qual só as “gostosas” são desejáveis e não ficam sós, no qual é preciso estar com a roupa da moda ou ser ousada, mas em todos os aspectos o relevante deve ser chamar atenção, mulheres gordas e feias são ridicularizadas na mídia e um produto pronto e acabado esteticamente é vendido a nós, sem se importar com nossos desejos, anseios e necessidades!

Nós sabemos que a mulher não é frágil, está no mercado lutando o tempo todo por seus direitos, consegue fazer milhares de coisas ao mesmo tempo, dá conta do que quiser: casa, filhos, trabalho, hobbies... Mas não estamos nos dando conta que estamos simplesmente fomentando essa mídia voraz que só se interessa em fazer valer seus interesses, em vender seus produtos, em nos impor um conceito estético, em nos direcionar para uma postura diante dos relacionamentos...

Não! Não podemos ser humilhadas e pisoteadas pelos homens, sermos traídas e usadas como simples objetos de desejo, do amor puro enquanto outras de nós estão sendo as amantes:

“Ah porque ele não tem em casa e é um direito dele ter!”

“É a mulher dele que não está fazendo seu papel, então ele tem direito de dormir e sair comigo!”

Mas ai quando a amante passa à “mulher oficial” e está comprometida e envolvida torna-se a tola da história, a manipulada e quem sabe até a próxima a ser traída!

Estamos ainda fomentando uma sociedade patriarcalista, em que os homens têm direito de satisfazer seus instintos, suprir suas necessidades sexuais com quem quer que seja e tentamos fazer valer isso para nós mulheres também, mas nos esquecemos que nessa ‘defesa’ da igualdade estamos nos dispondo a sermos fomentadoras dessa libertinagem que devemos combater.

Todos os dias somos assediadas e ouvimos comentários por simplesmente estarmos arrumadas, sermos bonitas ou ajeitadas, isso vindo de homens ridículos, bem ou mal vestidos, ricos ou pobres, executivos ou pedreiros: BOSSAIS, donos de um pênis, galãs conquistadores... HOMENS QUE PODEM E TEM TUDO O QUE DESEJAM (ou pelo menos acham isso!).

CHEGA!

A hora de nos unirmos é agora em que toda esta manifestação tem acontecido no mundo... em que as mulheres voltam as ruas gritando pelos seus direitos.... mas vamos fazer direito, não vamos apelar apenas à estética, e ao direito de sermos sensuais, pois é isto que a mídia e a sociedade querem... vamos romper dar um basta à toda esta perfeição estética que temos que ter!

Slut Walk pode e tem se tornado mais do que uma marcha pelo direito de ser sensual e estéticamente aceitável, tem a ver muito mais agora com os direitos da mulher à sua sexualidade, ao respeito e a revanche ao machismo e ao patriarcalismo!

Um comentário:

  1. Fui à Marcha e fiquei feliz com a quantidade de manifestantes. Sabiamos que dos 11mil confirmados no facebook, 10mil eram pessoas que apenas curtiram o título do evento.
    Mas não é meu propósito argumentar sobre mídias e redes sociais e sim contar algo chocante que aconteceu após a manifestação.
    Moro num prédio bem central, antigo porém cheio de adolescentes universitários (moro com dois por sinal). No fim da tarde recebi um comunicado que eu seria multada devido aos trajes do meu amigo, que estava praticamente nú e que desrespeitava as regras do prédio. Já havia seis testemunhas alvoroçadas querendo participar deste crime.
    Isso me revoltou demais, pois saímos de casa pra pedir direitos e os mesmos deveriam ser exigidos aqui. Penso que se tivesse algum desacato ao pudor, meu amigo teria sido preso por policiais e não por um síndico preconceituoso e um bando de testemunhas moralistas que alegaram: Este é um prédio de família!
    Eu também tenho família, meu amigo também e nem por isso deixamos de cumprir com nossos deveres de cidadãos e pessoas decentes e com princípios que somos.
    Então, mais do que nunca eu to disposta a marchar. Uma, duas...quantas vezes for necessário, porque nós somos acomodados, deixamos que qualquer coisas nos cale, qualquer falsa moral e machismo sujo ser usado como barreira impedindo nosso direito de ir e vir.

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